A dúvida sobre a diferença entre os tipos de vacinas é
muito frequente no consultório e a resposta não é igual para todas as vacinas,
sendo assim, explicaremos cada uma delas.
Mas atenção,
é muito importante se certificar de que o local escolhido para realizar as vacinas
do seu filho, tenha controle de temperatura, pois as vacinas devem ser
refrigeradas entre 2 a 8 graus C. E o local deve ter gerador, para em casos de
blecaute, comum nos meses de verão, permitir que as câmaras frias ou geladeiras
domésticas funcionem normalmente. Se optar por postos de saúde, certifique-se
de que as vacinas ao serem transportadas até os postos venham dentro de caixas
térmicas com temperatura controlada, e que as vacinas a serem aplicadas estejam
na temperatura ideal. Caso contrário, as vacinas deixam de ser eficázes
deixando seu filho sem proteção.
Vacina BCG
Esta vacina pode ser aplicada já na maternidade ou nos
postos de saúde e clínicas particulares no primeiro mês de vida. A vacina BCG
do posto, da maternidade ou da clínica particular são exatamente iguais,
confirme sempre a temperatura e validade da vacina, pois esta vacina só pode
ser aplicada até seis horas após a abertura do frasco.
A vacina BCG é feita com uma bactéria chamada Bacillus
Calmette-Guérin e tem como objetivo prevenir contra as formas graves de
tuberculose. Ela é aplicada no braço direito da criança, por via intradérmica
(injetável). Alguns dias após a aplicação, forma-se um pequeno carocinho no
local que irá abrir (supurar) e eliminar uma secreção branca e sem odor. Após
alguns dias, a ferida se fecha e deixa uma pequena cicatriz arredondada no
local. Esta reação é normal e demora em média um mês para se completar,
mas há casos em que a ferida demora um pouco mais para evoluir, ou mesmo em
outros casos, a ferida que já estava fechada pode voltar a abrir e fechar
novamente. Se isto acontecer, não se preocupe, isto é normal. Não se deve
espremer a lesão e também não se faz curativo no local.
Vacina contra Hepatite B
Esta vacina protege contra a hepatite B, que é causada
por um vírus, transmitido pelo contato com sangue e secreções de pessoas
contaminadas. A hepatite B, em alguns casos, pode causar uma hepatite crônica,
com maior risco de evolução para câncer de fígado. A vacina é injetável e o
esquema completo de imunização é composto de três doses, sendo que a primeira
dose deve ser aplicada já na maternidade, ou, se não for possível, deve ser
dada durante o primeiro mês de vida. A vacina é aplicada no músculo da coxa do
bebê e os efeitos colaterais são raros. Eventualmente, pode ocorrer dor local e
febre baixa no mesmo dia e até no dia seguinte à aplicação. A vacina do posto,
das clínicas e da maternidades são exatamente iguais.
Como o primeiro mês de vida do bebê envolve muitas
novidades, surpresas e noites sem dormir, por uma simples questão de
praticidade e comodidade, costumo recomendar que estas duas vacinas sejam
aplicada já na maternidade, pois desta forma, o bebê e a mamãe serão poupados
de sair de casa no primeiro mês para fazer a vacinação.
Vacina contra poliomielite
(Sabin e Salk)
A poliomielite é causada por um vírus cuja aquisição se
faz por via oral, ou seja, pela ingestão de água ou alimentos contaminados com
o vírus. O vírus da pólio causa a tão temida ˜Paralisia Infantil”, uma doença
que felizmente já foi erradicada do Brasil. Porém, a pólio ainda está presente
em várias partes do mundo e, por este motivo, é fundamental que continuemos a
vacinar as nossas crianças contra a pólio.
Sabin =
vacina contra a pólio do posto de saúde
É a vacina da gotinha. É uma vacina muito eficaz e que
é feita com vírus vivos atenuados, ou seja, enfraquecidos por processos
químicos. Por conter vírus vivos, mesmo que estejam atenuados, há um pequeno risco do vírus da vacina causar
a paralisia infantil. Em um país onde a paralisia infantil já foi
erradicada, no meu entender, não é admissível se correr o risco de adquirir
poliomielite pela vacina.
Salk = vacina
contra a pólio das clínicas particulares
É injetável e é feita com vírus inativados, não havendo
qualquer risco de se adquirir poliomielite por esta vacina. Quanto à eficácia,
as duas vacinas, a Salk e a Sabin são igualmente eficazes na proteção contra a
pólio. Esta vacina está disponível comercialmente somente na forma combinada
com outras vacinas, que são as vacinas pentavalente e a hexavalente, sobre as
quais falarei no final.
O esquema
completo de vacinação, tanto para a Salk como para Sabin é composto de seis
doses: aos 2, 4 e 6 meses, 1º reforço com 15 meses e 2º reforço entre 4 e 6
anos de idade.
A partir de Agosto de 2012, a pólio injetável foi
introduzida nos postos de saúde, mas é dada separadamente, via injetável, não é
combinada com outras vacinas. Na clínica particular a pólio vem conjugada com a
vacina hexa e penta.
Vacina tríplice bacteriana
(difteria, tétano e coqueluche)
A diferença entre a tríplice do posto e das clínicas é
que a vacina do posto é feita com células inteiras
e a das clínicas é acelular.
Trata-se de uma questão técnica que diz respeito ao processo de fabricação da
vacina, não havendo interferência na eficácia da vacina. Porém, há uma
diferença na prática: observa-se que a vacina de células inteiras (utilizada nos postos de saúde) causa efeitos
colaterais como inchaço, dor no local da aplicação e febre elevada com uma
maior frequência (podendo ainda causar convulsão e hipotonia, mas com menor
frequência). A vacina acelular, encontrada nas clínicas, não provoca estas reações.
O esquema completo de vacinação também é composto de
três doses,(2, 4 e 6 meses), 1º reforço com 15 meses e 2º reforço entre 4 – 6
anos de idade.
Vacina contra haemophylus
influenzae
Esta bactéria é responsável por infecções como otites,
pneumonias, sinusites e até mesmo meningite, principalmente em crianças com
menos de 4 anos de idade. As vacinas contra o haemophylus influenzae dos
postos de saúde e das clínicas são iguais. Nos postos de saúde, a vacina contra
o haemophylus é aplicada juntamente com a vacina tríplice bacteriana e,
por este motivo, se chama vacina tetrabacteriana e, neste caso, a tríplice será
a de células inteiras, como foi descrito anteriormente.
Nas clínicas particulares, a vacina contra haemophylus
influenzae é oferecida separadamente, ou junto com a tríplice
acelular (tetravalente acelular), ou ainda dentro
da vacina hexavalente ou dentro da vacina pentavalente, mais solicitadas por
reduzir o número de picadas.
Vacina hexavalente
É uma vacina que combina 6 vacinas em uma única
injeção: Salk (pólio inativada), tríplice acelular (difteria, tétano e
coqueluche acelular), haemophylus influenzae e hepatite B. Esta vacina
está disponível somente nas clínicas particulares e pode ser utilizada aos 2 e
6 meses de vida do bebê. Por ser conjugada reduz o número de picadas.
Vacina pentavalente
É uma vacina que combina 5 vacinas em uma única
injeção: Salk (pólio inativada), tríplice acelular (difteria, tétano e
coqueluche acelular) e haemophylus influenzae. Esta vacina está
disponível somente nas clínicas particulares e pode ser utilizada aos 4 meses
de vida do bebê e no 1º reforço, aplicado geralmente com 15 meses de vida.
Também reduz o número de picadas por ser conjugada.
Vacina contra meningococo C
conjugada
Esta vacina protege contra a meningite causada pelo
meningococo do tipo C, que é o tipo de meningococo mais freqüente em circulação
no Brasil. As vacinas contra meningococo C do posto e das clínicas particulares
são exatamente iguais, tanto na eficácia como na frequência de efeitos
colaterais, difere apenas no fabricante (mas
lembre-se de avaliar o armazenamento e o transporte adequado). É uma
injeção que é aplicada na coxa do bebê, sendo que o esquema completo é composto
por duas doses, que são aplicadas geralmente aos 3 e 5 meses de vida, com um
reforço com 1 ano de idade. Os efeitos colaterais incluem dor no local da
aplicação e febre que podem ocorrer no dia da aplicação e no dia seguinte.
Vacina conjugada contra o
pneumococo
O Streptococcus pneumoniae ou pneumococo é uma
bactéria que pode causar infecções como otites, sinusites e também outras mais
graves, como meningites e pneumonias. Há dezenas de tipos de pneumococos, mas
ainda não há uma vacina que proteja contra todos os tipos de pneumococos. As
vacinas disponíveis protegem contra os tipos que circulam com maior freqüência
na população.
A vacina dos postos de saúde protege contra 10 tipos de
pneumococo (por isso é conhecida como “10 valente”) e a vacina das clínicas
particulares protege contra 13 tipos, ou seja, os dez tipos da vacina do posto
e mais 3 tipos, o que corresponderia a uma proteção 6% maior do que as vacinas
dos postos. A vacina das clínicas é conhecida como “13 valente”. A Pneumo 13
tem a vantagem de proteger mais eficazmente contra pneumococos altamente
resistentes a antibióticos potentes, sendo mais eficaz na proteção contra a
pneumonia e otite média aguda.
O esquema completo de vacinação, tanto para as vacinas
dos postos como das clínicas, é composto de 3 doses e um reforço após um ano de
idade. Nas clínicas, ela costuma ser aplicada aos 2, 4 e 6 meses de vida, com
um reforço após um ano de idade. Nos postos de saúde, ela costuma ser aplicada
aos 3, 5 e 7 meses, com um reforço após um ano de idade. O importante não é o
mês em que se inicia o esquema vacinal e sim o intervalo entre as doses, que
deve ser de pelo menos 2 meses.
A vacina é injetável e é aplicada na coxa do bebê,
podendo causar dor e inchaço no local da aplicação e também febre no mesmo dia
e no dia seguinte à aplicação.
Vacina tríplice viral –
Sarampo, Caxumba e Rubéola (MMR)
A vacina tríplice viral protege contra o sarampo, a
caxumba e a rubéola. Também é conhecida como MMR que é a sigla em inglês da
vacina: Measles, Mumps, Rubella. Ela é feita com os vírus vivos atenuados
(enfraquecidos) causadores do sarampo, da caxumba e da rubéola. Os vírus das
três doenças estão contidos dentro de uma mesma vacina, ou seja, a criança
recebe uma só injeção que protege contra as três doenças.
As vacinas dos postos e das clínicas particulares podem diferir no fabricante, mas em
ação e eficácia se igualam. Ao contrário da maioria das outras vacinas, os
efeitos colaterais ocorrem em média de 7 a 10 dias após a aplicação. Pode
ocorrer febre, mal-estar e até lesões de pele semelhantes àquelas causadas pelo
sarampo e rubéola, porém, em intensidade muito menor. Na grande maioria dos
casos, os efeitos colaterais ou não ocorrem, ou são tão leves que não chegam a
ser percebidos pelos pais.
O esquema vacinal consiste em uma dose quando a criança
completa um ano de idade e um reforço entre quatro e seis anos de idade,
preferencialmente, aos quatro anos.
Vacina contra varicela –
Catapora
A vacina contra a varicela, por enquanto, só está
disponível nas clínicas particulares. Esta vacina é feita com o vírus vivo
atenuado causador da varicela e pode causar efeitos colaterais em média de 7 a
10 dias após a aplicação da vacina. Pode ocorrer febre, mal-estar e até lesões
de pele semelhantes àquelas causadas pela catapora, porém em quantidade e
intensidade muito menores do que na doença original. Na maioria dos casos, os
efeitos colaterais não ocorrem ou não chegam a ser percebidos pelos pais.
O esquema vacinal consiste em uma dose quando a criança
completa um ano de idade e um reforço entre quatro e seis anos de idade,
preferencialmente, aos quatro anos.
Recomendações importantes
Não utilizar medicações que contenham ácido acetil
salicílico (por exemplo: AAS, Aspirina, Melhoral) por um mês após a aplicação
da vacina da catapora. Existem relatos da ocorrência de casos de uma doença
chamada Síndrome de Reye associados ao uso de AAS na vigência de infecção pelo
vírus da varicela. A Síndrome de Reye é uma doença grave, de rápida progressão
e, muitas vezes, fatal, que acomete o cérebro e o fígado.
Como ambas as vacinas (tríplice viral e varicela) devem
ser aplicadas com um ano de idade, recomenda-se que as duas vacinas sejam feitas no mesmo dia. Porém, se os pais
preferirem fazer em dias diferentes, é muito importante lembrar que deve haver um
intervalo mínimo de um mês entre uma vacina e outra. Isto ocorre porque as duas
vacinas são feitas com vírus vivos.
Vacina tetravalente viral
(sarampo, caxumba, rubéola e varicela combinadas)
Esta vacina está disponível somente nas clínicas
particulares e tem a vantagem de
associar as vacinas tríplice viral e a varicela em uma só injeção. Há
relatos de uma maior frequência de febre e, eventualmente convulsões, em
crianças jovens que utilizaram esta vacina combinada. Sendo assim, alguns
pediatras preferem não utilizar a vacina na primeira dose, que é dada com um
ano de idade e indicá-la somente por ocasião do reforço, entre 4 e 6 anos de
idade.
Fonte: Site PediaTrio, GSK, Pfizer, Sanofi.
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